
“Mandinga de Gorila” Vence Prêmio do Júri no Sinédoque e legítima seis anos de pesquisa sobre resistência Cultural
Fotos: Brigiti Bandin
Curta-metragem dirigido por Luzé e Juliana Gonçalves, da Entretempo Produções, retira a figura do Gorila de Saco do estigma da violência e celebra a ancestralidade; trabalho se desdobrou em espetáculo cênico apresentado no Sesc em setembro
Rio de Janeiro – O curta-metragem documental Mandinga de Gorila (Dir.: Luzé e Juliana Gonçalves) conquistou o prestigiado Prêmio do Júri no Sinédoque – Festival Nacional de Documentários Curtos. A vitória consagra a extensa pesquisa de seis anos da artista e dramaturga Luzé Gonçalves e legitima o resgate da figura popular do “Gorila de Saco”, símbolo de resistência e identidade cultural das periferias cariocas.
O Sinédoque é um festival competitivo dedicado exclusivamente ao documentário brasileiro em curta-metragem, que preza pela valorização da diversidade, originalidade e qualidade das obras. A premiação a “Mandinga de Gorila” destaca a relevância do tema e a profundidade da abordagem, que questiona o estigma social associado à figura.
Segundo Luzé Gonçalves, a personagem foi historicamente “mal vista devido ao seu histórico de violência”. No entanto, para a artista, que vive a tradição em sua família na Zona Oeste do Rio, o Gorila de Saco simboliza a resistência cultural dos mais marginalizados – aqueles que buscavam uma alternativa criativa e acessível no Carnaval, sem recursos para fantasias caras como as de Clóvis. A obra atua, portanto, como uma celebração da mascarada e de uma cultura de rua efêmera, mas inesquecível.
Da tela ao palco: o experimento cênico
O sucesso do filme na crítica reforçou a importância do desdobramento da pesquisa para os palcos, o Experimento Cênico “Gorila de Saco | dançar o vento que afasta a morte”. O trabalho inédito chegou ao teatro pela primeira vez, com direção e dramaturgia assinadas por Luzé Gonçalves e Renata Tavares buscando “resgatar a figura do gorila de saco do lugar da violência e do estigma social” de acordo com Luzé.
Tradicional nas favelas da Zona Norte e Oeste do Rio, o Gorila de Saco transitava à noite, amedrontando e divertindo crianças. Para Luzé, o preconceito e a associação equivocada à criminalidade não representam a verdadeira natureza da fantasia, que carrega consigo “resistência cultural e identidade popular”.
“É meu desejo, ao fazer o filme, o folguedo e agora essa apresentação cênica, que a gente tire o gorila de saco do lugar da violência e do estigma. O que estamos fazendo é celebrando a mascarada e sua ancestralidade”, ressaltou Luzé Gonçalves.
O experimento cênico estreou como parte da abertura oficial da décima edição do Festival Palavra Líquida e teve apresentações gratuitas em setembro.
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